Família Goebbels
DA MORAL NAZISTA
Há
quem acredite que as ideias de Hitler e a alta hierarquia da SS
nasceram com eles. Mas elas são mais próprias ao ser humano do que
se pensa, e não se restringem hoje aos grupos skinheads ou jovens
neo-facistas. Conheço pessoalmente alguns cientistas brilhantes,
realmente brilhantes e destacados em vários países do mundo, que
falam em “medidas” para diminuir o sofrimento do homem moderno,
que vão desde a manipulação de genes para eliminar doenças
“desnecessárias” (questão ética a se pensar) até a castração
e morte de indivíduos e/ou raças que tragam transtornos maiores e
“atrasos” à humanidade.
Num
primeiro momento, a questão das ideias nazistas poderá lhe
repudiar, já que você, homem/mulher médio ocidental, foi bombardeado com
filmes, documentários e todo o tipo de mensagens norte-americanas
que revelam apenas uma face do nazismo – muitas vezes, deturpada na
essência. Há apenas um pequeno número de documentos que revela de
fato do que se tratavam essas questões, como o lúcido documentário
Arquitetura da Destruição, além de documentos verídicos deixados
pelos membros alemães.
Óbvio
que genocídios de nenhuma espécie se justificam, ainda que as mortes sejam num número muito inferior do que anunciam os
aliados. Estudar a fundo de onde vieram essas ideias, dentro de uma
prática científica rigorosa, pode fazer com que você até entenda
como tantos homens e mulheres de raro brilhantismo se renderam a
elas. Falo de cientistas, arquitetos, artistas que revolucionaram o
conhecimento sobre as raças, o ser humano e a existência, com
estudos premiados mundialmente, e que acreditaram que poderiam, sob o
comando do premiadíssimo militar Adolph Hitler, construir uma nova
humanidade isenta de doenças hereditárias de toda a espécie – o
que significava, de início, a castração de certos civis alemães. Importante lembrar que o alemão médio desconhecia a morte e tortura de judeus, ao contrário da igreja católica: a informação era de que aqueles trens amontoados de gente paravam em campos de trabalho forçados, para o bem da Alemanha.
A ideologia nazista não se tratava, como afirma torpemente o senso comum, de criar um exército de homens e mulheres de olhos e cabelos claros; tratava-se de tornar real o mundo perfeito com que todos já sonhamos um dia. Pergunto quem já não idealizou, em algum momento, um lugar livre de toda a sorte de sofrimentos físicos, com homens e mulheres de intelecto e corpos mais ágeis e sagazes? Em algum momento, todos já cogitaram isso – familiares e portadores de doenças hereditárias graves, pessoas com simples déficits de atenção ou atletas de toda a espécie sujeitos a testes de anti-dopping. Se analisarmos os documentos de Josef Mengele, "o anjo da morte" de Auschwitz que se refugiou secretamente no Brasil, encontramos descobertas extraordinárias sobre rejuvenescimento, fortalecimento e estudos das raças, ainda que tenha custado a vida e os órgãos de centenas de judeus. As crianças que sobreviveram aos experimentos, muitas delas gêmeas, contam que Mengele era gentil, lhes oferecia doces e procurava anestesiá-los. Havia piedade em Mengele, mas era preciso sufocá-la em prol do futuro da raça humana, imune a todas as fraquezas; o nazismo era religião.
A ideologia nazista não se tratava, como afirma torpemente o senso comum, de criar um exército de homens e mulheres de olhos e cabelos claros; tratava-se de tornar real o mundo perfeito com que todos já sonhamos um dia. Pergunto quem já não idealizou, em algum momento, um lugar livre de toda a sorte de sofrimentos físicos, com homens e mulheres de intelecto e corpos mais ágeis e sagazes? Em algum momento, todos já cogitaram isso – familiares e portadores de doenças hereditárias graves, pessoas com simples déficits de atenção ou atletas de toda a espécie sujeitos a testes de anti-dopping. Se analisarmos os documentos de Josef Mengele, "o anjo da morte" de Auschwitz que se refugiou secretamente no Brasil, encontramos descobertas extraordinárias sobre rejuvenescimento, fortalecimento e estudos das raças, ainda que tenha custado a vida e os órgãos de centenas de judeus. As crianças que sobreviveram aos experimentos, muitas delas gêmeas, contam que Mengele era gentil, lhes oferecia doces e procurava anestesiá-los. Havia piedade em Mengele, mas era preciso sufocá-la em prol do futuro da raça humana, imune a todas as fraquezas; o nazismo era religião.
Era do mundo perfeito que se tratava o mundo de Hitler – mas e os
judeus com isso? Quando pensamos no holocausto, o que nos chega são
filmes com alemães altos, fortes e sádicos – e o
filme-síntese de Spielberg, não por acaso judeu americano, tem sua
história centrada no campo de concentração de Amon
Goeth, justamente o maior
psicopata dentre os altos membros alemães. Claro que essas pequenas deturpações são compreensíveis, sobretudo nos
Estados Unidos, terra natal de alguns dos judeus mais poderosos da
história em Wall Street. E devemos lembrar que o trabalho desses
homens sacrifica, todos os dias, a vida de milhares de pobres civis, salientando que penas graves não justificam outras. A morte do ideal nazista deu lugar a outro tão cruel quanto: a do
mercado desregulado, que após o desaparecimento de Hitler, ninguém foi capaz de desafiar. (Ironicamente, a NASA dos Estados Unidos reaproveitariam secretamente os resultados das experiências grotescas que tiveram judeus como cobaias). Mas as razões que levaram a Alemanha a desafiar o poderio dos judeus, o que ela
vivia naquele momento, e o homem que era – e representava –
Adolph Hitler não pode ser esquecido, sob pena de termos mortes e
torturas insandecidas sem explicação, e as coisas não são assim.
Quando Hitler subiu nos
seus primeiros púlpitos, já era um homem admirado por toda a
Alemanha, e não sem justificativa. Ao contrário dos grandes
políticos que estamos acostumados a ver, dispostos a beneficiar-se
com enriquecimento e todo o tipo de vantagens, Hitler representava
aquilo que mais defendia em discursos. Homem de hábitos simples,
soldado, havia sido um sem-número de vezes premiado por bravura,
tendo arriscado a vida em combate para salvar companheiros. Esses
ocorridos registram seu rígido código moral – disciplinadamente
seguido, como manda um bom alemão - até o fim da vida. Aqueles que
o nazismo elegeu para os altos cargos também o seguiram, e foram
capazes de morrer por essas ideias, o que no mundo ocidental de hoje
soa impensável. Magda
Goebbels, mulher de um dos membros cruciais do nazismo, não só
morreu junto com o marido e o regime, como foi capaz de pentear,
vestir e depois envenenar cada um dos seus seis filhos.
A crença religiosa na
moral de Hitler começou muitos anos antes, quando a Alemanha
de dívidas, inflacionada, percebeu que mais de 50% dos seus cargos
administrativos pertencia a judeus alemães. Os números eram
alarmantes. Crescia o ódio ao povo eleito, não apenas
pela hegemonia do poder econômico, mas pela crença na ausência
daqueles valores morais que o regime tanto salientava. Dizia-se que
judeus vendiam-se a qualquer preço, tanto quanto os
ciganos – e essas foram as raças que Hitler prometeu aniquilar.
Ciganos e doentes mentais foram tão perseguidos quanto judeus,
mas aos Estados Unidos isso não importa nos contar. A amoralidade
parecia a Hitler uma doença hereditária quanto qualquer outra,
cujos genes que habitavam essas raças (como se isso fosse possível)
deveriam ser exterminados. O processo da purificação humana não
passava somente por um embelezamento e fortalecimento
físico-psíquico, mas sobretudo pela obediência cega a uma moral incorruptível. Numa era em que pessoas e princípios são leiloados
todos os dias, a moral nazista naturalmente ganha clamor entre grupos diversos,
ainda que os fins mais grotescos justifiquem os meios.
Hoje observo
cientistas trazerem à tona a questão da purificação da raça, o
fim de todas as limitações humanas, descortinando possibilidade
infinitas; mas a que preço? Pedem que consideremos friamente o
futuro da humanidade, isento de todas essas dores que assistimos nos
noticiários. “Não considere indivíduos”, dizem,
“mas a história de milhões que hão de vir!” Castrando pessoas e depurando genes, eliminamos a esquizofrenia, os doentes
bipolares, ou mesmo uma simples miopia, alegam eles. Mas como não
pensar em indivíduos, se dentre os judeus nasceu Cristo ou mesmo um
Franz Kafka, e com eles um legado tão belo, tão rico que foi
eternizado na nossa história? Importante lembrar que Kafka, poucos anos antes, já
deixara em sua obra as marcas da dor que o autoritarismo do Estado,
da Universidade ou do próprio pai podem causar. O escritor morreria poucos anos antes do regime ser decretado - e jamais sobreviveria a ele -, o que levou ao assassinato de toda a sua família. No mundo perfeito
dos cientista-nazistas, seriam aniquilados todos os Kafkas, Fernandos
Pessoas e os Van Goghs que hão de vir, por doenças mentais
que eles mesmos lhes dariam nome. Certamente também eu seria privada de
procriar, por certa hereditariedade que carrego, e começo a imaginar esse “admirável mundo novo”
asséptico de tubos de ensaio, em que os olhinhos risonhos da minha
bebê de 11 meses nunca teria existido.
E
falando em ideologia nazista, como não lembrar dos regimes
totalitários de hoje? Como não lembrar daqueles que defendem Cuba como
modelo de vida, ainda que Fidel Castro castre (sobrenome sugestivo!)
milhares de indivíduos, os torture e mate em nome do bem comum? Eu
tremo diante daqueles que pregam em nome do bem alheio, a começar
pelos próprios pais; tremo diante daqueles que sabem "o que é
melhor para você". Alguém disse certa vez que todo ditador teve uma mãe à altura; a psicanálise nos lembra o quanto a infância e os pais são cruciais na formação do ser. É nesse momento que o gene do nazismo nasce e é
injetado no DNA de milhões de crianças. A cada vez que elas
desenham nas paredes, quebram louça fina e sujam o chão, volto a
acreditar na humanidade novamente. O Cristo polêmico dos
evangelhos apócrifos pregava entre os discípulos que, a certa
altura, é preciso odiar os seus pais – naturalmente, para se
tornar um indivíduo. Provavelmente por isso esses evangelhos
permanecem banidos pelas religiões cristãs. O caminho cego das
ovelhas começa desde o nascimento, e seus pastores são muitos:
autoridades da escola, da religião, do estado, da família, até
que ao indivíduo não reste mais a opção de escolher,
porque ele sequer reconhece essa necessidade. E antes que os
nazistas do mundo percebam, não restará mais humanidade para
manipular. Somente o exército frio e limpo do mundo de Huxley.