terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Poema existencial

POEMINHA DO SER


Se eu me dobrar por dentro
sendo o que eu sou
haverei de me perder
do que nunca fui eu.

Se enrolará o grande novelo
que de mim fará o estar em mim
voltando a ser
o que sempre será um.

E na essência de tudo o que há
me faltarão palavras e ideias
na cabeça dentro da grande cabeça
que tudo concebe.

Um poema, involuntariamente, no estilo Whitman

 
       Pedra em homenagem a Walt Whitman, EUA


(Poema publicado na antologia portuguesa Entre o Sono e o Sonho, lançado em março de 2013, no Cassino Estoril, pela Chiado Editora).


DESNUDAMENTO

Quando me expando nas planícies
em todas as relvas
e me deito, lânguida e preguiçosamente
quando flutuo no mundo
e pairo e pairo
sobre todos os homens
mulheres, velhos de boa fé
todas as crianças de mim
quando sobrevôo as criaturas
pensamentos, ruídos de gente e mato
quando sou cada coisa
cada dia, cada sonho
perdido e sombrio
cada arena dura de sangue
quando me estendo nos riachos
todos os riachos
(e sensíveis são os riachos, porque os sinto)
quando sou todas as águas
todos os mares de espuma
todas as formas
quando sou muito além de mim
infinitamente sendo
paradisíaca mulher nua
quando sou tudo o que é
eu sou
eu sou.